Professor Willian Soares patrono da Academia Brasileira de Contadores de História (ABCH), comenta sobre a emoção de ser nomeado

Crédito: Marcel Cordeiro

A Academia Brasileira de Contadores de Histórias (ABCH), lançou neste ano 2021 a convocação para a ingressão de novos Patronos da instituição. Foram selecionados 10 representantes em todo o Brasil, dois de cada região do país.

Da região Nordeste, para nossa alegria, foram selecionados dois baianos. Um deles o juazeirense Willian Soares, criador da trupe “Contadores de Histórias”. Seu projeto em homenagem à João Gilberto, já foi destaque aqui no blog.

Além de docente de língua portuguesa e arte, o professor atua como produtor, mediador, coreógrafo, técnico em audiovisual e professor formador da secretaria da educação.

Em um bate papo com o Blog Mattheus Cerqueira, Will, como gosta de ser chamado, falou sobre sua trajetória que se deu início com a pesquisa sobre as lendas folclóricas da região, e acabou se apaixonando. “Por ser formado em letras, por gostar de literatura, já me enveredava por apreciar ainda mais (as lendas). E sabendo que tinha essa questão de patrimônio imaterial, patrimônio imaterial, essa história viva da cidade, então isso me empoderou de poder contribuir também de alguma forma para a colaboração, além das referências que já se tem”, comentou.

Crédito: Reprodução Instagram

A trupe “Contadores de Histórias” surgiu como um incentivo aos alunos a ler. “Eu dava aula no colégio Jutahy Magalhães na época, e lá tinha essa questão, sempre é um grande potencial essa questão de incentivar a leitura nas escolas, de motivar a leitura, de promover a leitura nas escolas”, diz Wil.

“Como eu estava vindo com essa carga das histórias, das lendas e tal, eu falei, olha eu acho que eu vou incentivar, surgiu espontaneamente, não foi nada relacionado a nenhum projeto da escola em si, foi algo que eu decidi fazer. Reuni alguns alunos e quis dar uma oficina, já vinha dessa questão também de oficina, de ministrar oficinas, e aí se deu o grupo de contação de histórias. Eu peguei umas lendas, dividir com os meninos da região e a partir daí começou a prática da oralidade, que quando se fala na prática da oralidade ela vai estar relacionada a leitura em voz alta ou a mediação de leitura”, continuou.

O professor conta que quando o projeto foi criado houve um estouro de membros participativos o que levou a misturar/juntar outras vertentes artísticas. “Quando a primeira turma que tinham 17 contadores de histórias, que foram formados naquele ano, então assim foi um bumbum de participação ativa, tanto na fala, na expressão facial, e aí eu comecei também a ligar as linguagens artísticas, a dança, o teatro e a música. Compor é a fazer ainda mais atrativo a cotação de história”.

“Então a trupe contador de histórias Juazeiro, ela surge com esse ponto da leitura, mas também falar da história da sua cidade, ou seja, eu estava com as histórias da cidade, com as lendas do Rio São Francisco, incentivando a leitura. Eu não estava com contos de fadas, eu estava com outras obras literárias, eu estava com a oralidade da cidade, do que ela carregava do que alguns livros têm como registro, isso em poderoso os meninos e aí veio vindo, veio vindo, veio vindo, veio vindo e aí tá aí, até hoje”, diz Soares.

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Willian confessou que a ficha ainda não caiu totalmente com essa nomeação, mas considera uma conquista importante, não só para ele, mas para a cidade. “O meu sentimento é de já um reconhecimento muito importante, porque, eu acho que eu meio que, entre aspas né, não que eu perdi, mas dediquei muito tempo, então era manhã, tarde e noite. Era sempre pensando em alguma coisa para ser feito”.

“Então assim, para mim é uma coisa que eu tô muito feliz sabe, está na academia, essa coisa de cadeira, de você lá é meio que tornar imortal, é muito isso. Já são as pessoas falando tá, ‘vai se tornar imortal, não sei o que’, aí eu, é? tá caindo a ficha ainda, não tem muitos detalhes ainda, vai ter reunião com o presidente, ele vai falar como vai ser essa questão”, continuou.

Will fala da responsabilidade que tem e explica que contar história não é teatro. “Eu estou feliz e com um dever maior ainda né e já tinha projetos para 2022, ainda vai vir muito mais. É importante de máximo, um sentimento é de que bom que eu trilhei esse caminho, que bom que eu não, que eu não estava errado de acreditar na narrativa, porque por muitas vezes, claro que eu estava estudando sobre, faço também pós na área de contar história, mas as vezes em alguns momentos específicos de apresentação, as pessoas falam: ‘teatro, apresentação de teatro’. Falei, não gente, não é teatro e contação de histórias. Contação de histórias é uma linha, uma linguagem, que claro, não deixa o teatro, a dança, mas é uma linha, é arte maior, é arte primeira por aí vai”, concluiu.

Crédito: Reprodução Instagram

Atualmente a trupe conta com uma média de 20 participantes ativos, mas já passaram inúmeros jovens pelo projeto. “Foram formados mais ou menos de 150 estudantes, nesses 10 anos. Além dos alunos, estudantes que participaram das oficinas, que também tinham rede de narradores orais, que foi feito em alguns sábados. Então os meninos, os contadores do grupo, chamavam outras pessoas para conhecer a narrativa”.

Com o novo formato de aulas adotado em conformidade das medidas de contenção da pandemia do Covid-19, o professor Will resolveu criar um podcast. “o desafio foi bacana (a pandemia), tivemos a criação do podcast com as histórias para ouvir, o maquia e conta histórias que foi muito positivo nas redes sociais e a formação de duas turmas com os estudantes do CODEFAS”.

“Teve também o primeiro recital dos contadores de histórias. Homenageando mais uma vez o poeta e escritor Manolo Ferreira, que é de Juazeiro. Antes colaborava de forma indireta para a educação de Juazeiro e hoje de forma direta, pois, atualmente faço parte da equipe SEDUC, professor formador”, concluiu Soares.

A posse dos “Novos Patronos” será em março de 2022, na Biblioteca Municipal Mário de Andrade, na cidade de São Paulo.

A Academia Brasileira de Contadores de Histórias (ABCH), foi fundada em 2014, é uma instituição sem fins lucrativos, com sede em Curitiba-PR, que tem por missão: “agregar narradores de histórias comprometidos com a pesquisa, a preservação e a promoção do patrimônio narrativo brasileiro, valorizando a narração vocal e a nossa ancestralidade”.

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